Games,Geek

Esta é a era do videogame feito em casa

22 mar , 2013  


Muito saudosismo, joypads, joysticks, flipers a games de todas as épocas, em hacks atuais.

Por Matheus Gonçalves

Ok, não é a era do videogame feito em casa. A indústria dos games ganha milhões de dólares todos os meses produzindo novas tecnologias, novos métodos de controle de personagens e novos jogos que sejam compatíveis com tudo isso.

Acontece que toda essa novidade ainda não está ao alcance de todos.

Muitos jogadores ainda têm em casa videogames antigos, com seus joysticks antigos, com seus cartuchos antigos em suas estantes antigas.

Mas a cabeça dessa galera não tem nada de velha.

E a eletrônica evoluiu. Hoje existem circuitos eletrônicos programáveis, esquemas muito bem descritos, disponíveis na internet, kits para montagem e tudo o que um entusiasta precisa para sair criando o que lhe der na telha.

Pegue toda essa informação à mão dos geeks, o saudosismo em relação a videogames antigos e muita, muita criatividade. O que temos?

Se você respondeu “Uma porrada de novos gadgets feitos em casa, baseados em games antigos”, ou algo assim, você acertou. Se não acertou, não fique triste… amanhã o programa volta… fique ligadinho.

Digo… tá, esquece.

Voltando: Para deixar claro do que estamos falando, vou começar a citar alguns exemplos.

Consoles

Os portáteis – leve os jogos empoeirados para onde você quiser!

Um americano criou um Atari portátil do tamanho de um Game Boy. O entusiasta dos EUA, que se identifica apenas pelo nome de Mario, desenvolveu um console portátil para jogos Atari.

O geek utilizou a caixa de acrílico que originalmente envolvia seu iPod Touch, além de uma tela de LCD de 3,5″ e a bateria de um Game Boy Advance SP.
O Atari 2600 é um clássico videogame de 8 bits desenvolvido na segunda metade dos anos 70. Passou a ser comercializado no Brasil nos anos 80 pela Polyvox e tem uma legião de fãs ainda hoje. Foi muito copiado, teve inúmeros clones e conta com vários simuladores para Windows, Mac e Linux. O gadget de Mario recebeu o nome de Stella, o mesmo do mais famoso emulador de games do mesmo sistema.

O “Stella” de Mario é baseado no hardware (e software já embutido) do Atari Flashback 2, um sistema Atari 2600 ultra-miniaturizado lançado em 2005 pela própria Atari como um revival e que possui cerca de 40 jogos integrados. Mas, diferente do Flashback 2, o Stella é capaz também de executar os cartuchos originais dos anos 70, tendo um slot específico para isso.

De acordo com o Fórum ModRetro onde o projeto foi apresentado, o Atari portátil possui botões de select, reset (como no console original) e controle de volume, além de uma entrada adicional para um segundo joystick.

Alguém poderia pensar: “Poxa, mas como duas pessoas vão jogar em uma minúscula tela de cristal líquido?”

Mario também pensou nisso e adicionou ao projeto uma saída A/V convencional, permitindo que os games sejam jogados a partir de um televisor comum.

A bateria utilizada tem autonomia de cerca de duas horas. Para comodidade, existe também um indicador de energia fraca.

Um vídeo que mostra o Stella em funcionamento pode ser visto através do link http://youtu.be/I1ifj7Tgzls. Quem quiser se aventurar a construir um pode visitar a postagem no fórum pelo atalho tinyurl.com/StellaAtariGB, que mostra os passos necessários.

Já este outro maluco criou, também em casa, o verdadeiro Playstation 2 portátil.

De acordo com o site Hack a Day, o nerd, identificado apenas como Raizer04, utilizou alguns componentes internos de um Playstation 2 em sua versão slim.

A parte plástica que envolvia o Lazer Doodle foi pintada de preto e serviu como invólucro para o videogame modificado, que recebeu o nome de ‘Knight Raizer’.

O joystick desmontado foi adicionado à parte frontal e a placa controladora foi afixada no interior do console.

Segundo a página do projeto, a parte de trás do videogame possui um ventilador, um disco rígido e uma porta USB.

O HDD é utilizado apenas para armazenar os saves . Já a porta USB serve para plugar uma pen drive que contém os arquivos que constituem os games.

Não há, portanto, nenhuma unidade óptica. Os jogos são lidos com o auxílio de um software chamado Open PS2 Loader.

Um belo trabalho de pintura e alguns detalhes em metal resultaram em um acabamento agradável.

Raizer04 não alterou os itens de alimentação elétrica, o que obriga o jogador a utilizar a fonte de alimentação padrão.

Ainda assim é uma boa alternativa para passar o tempo, além dos méritos de se realizar uma modificação em um videogame, em casa.

Um vídeo do Knight Raizer em funcionamento pode ser visto a partir do link http://youtu.be/for35aSI_og.

Matando qualquer cirurgião plástico de inveja

E aí um alemão sem noção pensou: E se meu Super Nintendo tivesse entrada para quatro controles? E foi o que ele fez!

Segundo o site HackADay, existe um acessório da Nintendo que, a partir de uma entrada de controlador, permite conectar dois, três e até quatro outros joysticks.

Se trata de um adaptador multi-player, ou “multitap”, como ficou conhecido.

Com algum conhecimento em eletrônica, o rapaz, identificado apenas como Mr. X, utilizou algumas partes internas desses adaptadores para adicionar mais dois conectores ao seu SNES.

De acordo com informações do fórum Project Casemod , onde o feito foi publicado, o geek alterou a posição do LED de energia e instalou um display de dois dígitos para mostrar quantos controles estão plugados ao videogame.

Há também um interruptor na parte traseira que permite ao usuário a escolha entre os sistemas de vídeo PAL ou NTSC.

Um video mostrando o console em funcionamento pode ser visto através do link http://bit.ly/63SizW.

Já este cientista da computação, identificado apenas como Retromaster, desenvolveu um Atari 2600 em casa. Com entrada para controles de Mega Driver e memória interna!!

Segundo o site Hack a Day, o equipamento chamado A2601 foi preparado com um FPGA, um tipo de chip programável que pode ser “transformado” num processador e mesmo num sistema completo. O FPGA usado, de modelo Spartan-3E, faz parte de um kit didático produzido pela empresa Xilinx.

Sua programação procurou reproduzir fielmente as instruções de um processador 6502, de 8 bits, usado no Atari na época e, entre outros, no Apple 2. Mas o Spartan-3E (e qualquer FPGA moderno) é avançado o suficiente para abrigar não apenas o “6502 virtual” como também boa parte do circuito ao redor dele. Um exemplo é o chip de processamento de informações gráficas.

Foram adicionados ao projeto um adaptador para televisão, saída de vídeo composto (que funciona apenas no padrão NTSC), uma saída de áudio estéreo e um conector DB9, o mesmo utilizado nas entradas de joysticks do videogame Mega Drive (também conhecido como Genesis), da Sega.

O sistema conta com uma memória flash de 512 kB para armazenar as ROMs, o que pode ser considerado pouco, mas barateou o custo da produção.

Depois de pronto, o circuito foi acoplado a uma pequena caixa, parecida com um otimizador de sinal das antigas antenas UHF, medindo 8 cm x 6 cm. A alimentação de energia é feita através de uma fonte de 9 v.

O autor disponibilizou os esquemas eletrônicos e informações técnicas do produto, bem como o código fonte VHDL, amplamente utilizado em emuladores de 8 bits.

Todo esse material está disponível sob a licença GPL e pode ser adquirido no site oficial do projeto através do link http://bit.ly/d3I0KC.

Um vídeo com o A2601 executando o game de guerra Battlezone pode ser visto em vimeo.com/14772895.

Olha o Retromaster A260l aí:

Controles, Joysticks, Joypads…

Um cara criou um controle de NES Bluetooth para Android. E como ele fez isso?

Utilizando um módulo Bluetooth programável e uma placa Arduino, o entusiasta em eletrônica conseguiu fazer com que um controlador do clássico videogame da Nintendo funcionasse em dispositivos com o sistema operacional da Google.

Segundo o site do projeto (tinyurl.com/AndroidNesCtrl), é necessário instalar no celular o toolkit Amarino (www.amarino-toolkit.net), desenvolvido justamente para programação do Arduino (arduino.cc) quando conectado ao Android.

O hacker, identificado apenas como sk3tch, afirma ter utilizado um modem bluetooth BlueSMiRF Gold, modelo WRL-00582, fabricado pela Sparkfun, que custa salgados US$ 65.

Apesar disso, o resultado final é muito divertido. O controlador old-school, que pode ser utilizado como um teclado (o Android permite a personalização de teclas e tipos de entradas), está em sua versão alpha, mas funciona sem maiores problemas.

Uma coisa estranha é que ao realizar os testes iniciais, o joystick original do NES não funcionou. Mas uma versão modificada, adquirida na loja da comunidade DEFCON, não apresentou defeito algum.

Na Google Play, loja de aplicativos da plataforma Android, é possível encontrar softwares emuladores e vários games gratuitos.

Um vídeo, que mostra o geek jogando Super Mario Bros. 3 com o criativo controle, pode ser visto através do link youtu.be/_FZTz2KO9vU.

O que você acharia de usar um joystick do SNES, no PC, em uma versão USB?

Já é possível! O site GeekStuff4U vende essas belezinhas.

Existem as versões com os botões coloridos e preto e branco. O valor sugerido é de 2.700 ienes (algo perto de R$ 53) e a loja envia para o mundo todo, desde que o lugar seja servido por serviços de postagem convencionais. No caso do Brasil, os Correios.

E já que temos um controlador do SNES para PC, alguém tinha que bolar uma maneira de rodar os cartuchos deste videogame da Nintendo, em computadores domésticos.

Óia! E não é que já fizeram!!?

Vá separando seus jogos favoritos da plataforma 16 bits da fabricante japonesa. Apesar de um pouco caro (US$ 96,99 nos EUA), o aparelho, chamado Retrode (sugestivo, não?) se encarrega da tarefa de transformar um PC em uma super plataforma de entretenimento para gamers saudosistas.

Como dito na Geek, pelo nosso amigo Antonio Blanc, “o aparelho consiste em um conector para os cartuchos (SNES e Megadrive) ligado um microcontrolador que faz a leitura e interpretação dos dados. Para o computador, o cartucho conectado ao Retrode parece um pendrive qualquer com uma ROM de jogo dentro.”

Por exemplo, o cartucho de Super Mario World é visto como um arquivo SUPERMARIOWORLD.smc.

E qualquer emulador SNES lê este tipo de arquivo!

Fliperamas, Arcades e créditos com fichas

O geek Marcelo Alves de Souza, brasileiro de 37 anos, projetou e montou um mini-arcade em casa. O trabalho durou ao todo dois meses.

Em entrevista à Geek, ele disse que a ideia de construir um mini-arcade veio do saudosismo da infância, quando saía da escola e corria para os “fliperamas”, lojas que possuíam várias dessas máquinas, que funcionavam com fichas.

Jogos clássicos de fliperama como New Rally-X, Galaga, R-Type e vários shooters aparecem em sua lista de títulos preferidos.


Conceito Original. (Crédito: Marcelo Souza/Divulgação)

A proposta inicial era de adquirir um desses equipamentos prontos, em tamanho convencional, mas sua esposa foi contra.

“Quando falei em comprar uma máquina de Arcade, minha esposa vetou na hora. Falou que seria impossível termos um ‘trambolho’ desses dentro de casa, e vetou a ideia” – explica Souza.

O geek teve que conciliar o tempo entre o projeto, o trabalho e a família. Com dois filhos pequenos, só sobrava a madrugada para desenhar, lixar, pintar, parafusar, soldar e programar os circuitos.

Ao todo, se somarem essas horas noturnas, o trabalho foi executado em pouco mais de dois meses.

Trata-se de uma máquina composta de um gabinete, computador e toda instalação para internet, processador Atom N330 de dois núcleos, com 2GB de memória e 160GB de capacidade do disco rígido. É capaz de executar facilmente os emuladores de 8 e 16 bits mais populares do mercado.

Apesar de ter buscado um front-end bacana para o Linux, o criador optou por utilizar o sistema operacional Windows, por questão de compatibilidade.

O equipamento pode, inclusive, ser utilizado como um computador completo, para navegar na internet, ver filmes, ouvir musica e tudo mais. Mas sua função principal é rodar os emuladores, controlados por um joystick e botões clássicos.

Um diferencial em relação aos mini-arcades encontrados no mercado é um sistema de fichas, construído com o uso de arduino por ele mesmo: “o sistema é exclusivo e batizei de CoinDuino (Ficha + Arduino)”.

Realmente, boa parte da nostalgia está nas fichas, em controlar o quanto se pode jogar pela quantidade de fichas que o jogador tem. Ou gabar-se por zerar um jogo com uma quantidade reduzida de fichas, e até o barulhinho que elas fazem ao cair no moedeiro. Tudo isso faz parte da experiência de se jogar fliperama.

No site oficial (miniarcade.m-souza.com) do projeto, Souza diz que pode vender o produto sob encomenda, mas não há um preço fixo devido às grandes possibilidades de personalização.

Um vídeo com o making of do produto pode ser visto no portal Vimeo em vimeo.com/10810801.

Ah, mas eu quero criar meu próprio jogo!

Se a meta é escrever games para Super Nintendo, o nerd pode utilizar uma espécie de cartucho programável, chamado Quickdev16.

O cartucho pode ser usado para desenvolver novos jogos ou, simplesmente, para servir de “receptáculo” de jogos existentes “pirateados” da internet – com um único cartucho, é possível jogar toda a biblioteca de jogos do SNES. Segundo o site do projeto, todo o processo se dá via linha de comando nas três plataformas, mas uma interface gráfica está nos planos.

Atualmente há suporte a consoles Super Nintendo NTSC e PAL, mas não a versões mais avançadas do videogame que usavam processadores digitais de sinais (DSP).

Todo o projeto está sendo distribuído de forma gratuita, incluindo a parte eletrônica e o código fonte de todo o software. Mais informações e um vídeo com o cartucho em ação estão disponíveis em bit.ly/snescard.

E para fechar, mostrando até onde vai a saudade de aficionados por videogames, trago pra vocês o Duke Nukem: Next-Gen, um Remake de Duke Nukem 3D (1996), feito por fãs, que já está em desenvolvimento, mas sem previsão de conclusão.

Uma equipe formada por onze profissionais de várias áreas, todos fãs do game Duke Nukem, se uniu para criar o game, com permissão não comercial da produtora 3D Realms, podendo ter até uma versão multiplayer.

Segundo o site Joystiq, todas as telas foram criadas com a utilização da Unreal Engine 3, uma plataforma de desenvolvimento de games bem conhecida no mercado.

Um vídeo que mostra algumas telas do jogo pode ser visto em bit.ly/T8iRaR.




Com tanta informação disponível, ótimas ideias, bons profissionais e muito saudosismo, praticamente não há limites para essa galera.

E se você é um destes malucos e tem um projeto assim em casa, me mande que eu publico aqui! @toadgeek


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