Ok, talvez não seja, mas parece ser muito divertido.
Em discussões, muitas vezes as pessoas estão mais preocupadas em estar certas do que se entender. Como fugir disso?
Por Matheus Gonçalves
Vivemos ultimamente em uma bolha feita de bolhas. Cada qual com suas pequenas discussões cotidianas, argumentações vazias e a empáfia alheia (sempre a alheia, perceba) de não prestar atenção nos seus argumentos. Mas… será que seu ponto de vista está correto? E, principalmente, você tem parado para ouvir, mais que bradar?
Seja sobre política, sobre futebol, sobre qualquer imbrólio que se apresente, as pessoas discutem. E isso é bom, por definição. Mas somente quando há troca de idéias.
Sou do tipo de opinião forte, e isso me faz ser visto como teimoso. Acontece que, diante do primeiro bom argumento que contrarie minha ideia, eu mudo de opinião. Na hora, é instantâneo, mais rápido que fazer um miojo. Posso rebater, posso argumentar, mas me mostre apenas um argumento de bom senso. É tudo o que eu preciso.
Só que ser mutável assim tem seu preço. Isso faz com que a gente se sinta mais interessado em entender o todo, não somente o que reforça algo que você já concorda. E, sendo assim, é mais fácil ponderar sobre pontos de vistas diferentes. “Mas isso é ruim, Toad?” – Não, essa ainda é a parte boa. Mas prossigo…
O foco principal aqui é saber que você pode estar errado. Aliás, você provavelmente está errado. O que fazer quanto a isso? Buscar mais e mais e mais e mais informações sobre o assunto em pauta. Certo? Pois bem…
Quando você, com essa análise em mente, vai participar de uma discussão e apresenta as informações colhidas, mesmo que de forma convidativa e abrangente, mesmo deixando claro que você busca uma troca de ideias (não uma imposição delas), isso incomoda. Isso afasta imediatamente quem discorda de você.
Veja que curioso: apresentar argumentos embasados, hoje em dia, pode ser visto como soberba, como arrogância. E, em geral, ao menos dentro da minha curta existência, faz com que as pessoas se afastem e apenas te vejam como “o cara que sempre discorda”, “o chato que sempre tem algo a dizer”, como se isso fosse algo ruim.
Salvo raras exceções, eu só dou minha opinião quando me pedem, mas ainda assim as pessoas esperam que você dê suporte ao que elas dizem, independentemente se faz sentido ou não.
Raros e deliciosos são os casos nos quais você se depara com alguém que esteja querendo aprender mais, ou permutar pontos de vista. Do tipo de gente que você debate, e horas depois percebe que nem você, nem eles, são mais as mesmas pessoas. E isso é fantástico. Raro, mas fantástico.
E por que isso é tão difícil de se achar? Por que ouvir uma opinião contrária incomoda tanto, quando deveria ser o primeiro passo para se interessar?
Muita gente cresceu sem se acostumar a ser contrariado. Sem perceber que pode estar errado a todo instante. E isso tem um impacto brutal na forma como as pessoas discutem.
Quando você sabe que pode estar errado, suas opiniões são moldáveis. Você é mutável. Ser mutável significa que você está disposto a ser uma versão melhor de si mesmo, constantemente.
Todavia, existem pessoas que não se preocupam com isso, pois já se acham a melhor versão possível de si mesmos. E quando este é o caso, não adianta argumentar, falar, explicar, explanar, evidenciar, que nada de bom vai sair dalí, infelizmente. Nestes casos, é como tentar abrir uma porta com um assovio. Será necessário um agente externo pra que dê certo.
Entenda isso como um processo de amadurecimento. Seu e das pessoas ao seu redor. Você não precisa convencer ninguém, e também não detém a verdade absoluta. Aliás, você muito provavelmente não está certo de qualquer forma, lembra?
Se aproxime de quem te contraria, de quem tem opiniões contrárias, assuma (mas diminua) sua ignorância e tente ser sempre uma versão melhor de si mesmo.
E, se durante esse processo outras pessoas também perceberem que existem maneiras de se melhorar, de buscar novas informações, de abrir a mente de alguma forma para o que as contraria, já é meio caminho andado.
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