Da ficção científica para a vida cotidiana: Imagine-se conversando com aquela pessoa que você gosta…
A tecnologia pode nos ajudar a resolver esse problema da realidade comum cada vez mais frágil, mas a solução só virá com uma mudança comportamental humana.
Por Matheus Gonçalves
Em abril deste ano o filósofo Michael Patrick Lynch deu uma palestra no TED chamada How to see past your own perspective and find truth. Algo como “Como enxergar além da sua própria realidade e encontrar a verdade“. Assista.
Nesse TED ele propõe um contexto no qual a gente poderia ter um processador conectado ao cérebro e à internet, e assim teríamos acesso direto à informação. Mas… isso não significa que todos nós iríamos avaliar a mesma informação da mesma forma. Aliás, com mais informação, talvez a gente tivesse menos tempo pra ponderar sobre a fenomenal quantidade de dados a serem analisados.
Aliás, além do TED acima, recomendo ouvir também esses dois Tecnocasts:
A real é que hoje em dia parece que quanto maior a quantidade de informação que a gente consome, mais difícil é diferir realidade de ficção. Notícias reais, das Fake News.
É como se a gente soubesse mais, mas entendesse menos.
Mais informações que a gente gosta. Mais links que confirmam nosso viés de confirmação.
E assim, num universo com tanta informação gritante e explícita, no qual a gente esperava chegar mais fácil a um consenso do que é realidade, parece que todo mundo acha que sabe mais, mas ninguém consegue concordar sobre o que a gente sabe.
O que pra uns é fato, pra outros é apenas “Fake News“. Eu não me importo com o fato de existir fake news quando as notícias de fato são falsas. Alguma pesquisa mal intencionada com metodologias ou amostragens questionáveis. Alguma notícia mal embasada, ou com uma conferência de informações feita nas coxas. Eu sou até bem contra esse tipo de Fake News.
O que me incomoda é que esse termo se tornou, hoje, sinônimo de “Eu não concordo, logo é falso“. Independentemente da quantidade de evidências que corroborem ou não tal alegação.
A tecnologia pode, talvez, nos ajudar a resolver o caos da polarização ideológica, mas certamente não vai fazer isso sozinha. Porque esse é um dilema intrinsecamente humano.
Não há problema algum em desconfiar das coisas, em ser cético frente a notícias e argumentos, desde que isso seja o fator que te leve a buscar mais informações, mesmo as que confrontam tudo o que você concorda ou espera.
Alguns podem questionar que a gente não vive mesmo numa realidade comum, e que realidade é algo unicamente subjetivo. Mas se todos avaliam as evidências diante de si e concordam que, por exemplo, se você joga um objeto pra cima ele, em seguida, vai cair, temos um senso comum do que é real e do que não é.
E pra evitar distorções dessa realidade comum, precisamos continuar usando esse instrumento básico de razão pra avaliar o que acontece ao nosso redor. Mesmo que isso contradiga o que a gente previamente acredita.
Se manter na bolha, somente aceitar o que já se concorda, significa a ignorância confortável de sempre estar certo. Desafiar a si mesmo e buscar informações fora da bolha significa correr o risco de aceitar que se está errado em busca de mais conhecimento.
E essa, por mais desconfortável que pareça, talvez seja uma das únicas soluções para esse problema.
E aí? O que você prefere?
bolha, Fake News, informações, Realidade
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