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Morando nos Estados Unidos: O pesadelo do Credit Score

22 jan , 2014  


Construir seu crédito é fundamental nos EUA. Siga essas dicas para poder desfrutar do melhor que o país tem a oferecer.

Por Matheus Gonçalves

Morar nos EUA é o sonho de muitas pessoas do mundo, incluindo brasileiros. Sei que alguns torcem o nariz para a ideia, e eu respeito isso, mas muitos outros gostariam de se mudar temporariamente ou definitivamente para o país.

Foi o meu caso, e depois de muita, mas muita luta, consegui um emprego por aqui.

Agora, por mais legal que seja essa experiência (e é!), alguns fatores podem azedar o caldo, e fazer do sonho um pequeno pesadelo.

Uma das coisas que interferem nisso é o chamado Credit Score. Para quem não sabe o que é isso, trata-se de um cadastro de bom e mal pagador, parecido com o que está acontecendo no Brasil, misturado com verificações de bureaus de crédito como o Serasa.

Só que, com um pequeno diferencial para um brasileiro chegando adulto ao país: Você não é um mal pagador, mas ainda assim, você não tem crédito. Afinal, você acabou de chegar. As instituições financeiras dos Estados Unidos não ligam se você tem uma conta no azul e nenhuma ocorrência negativa nos últimos anos no Brasil. Eles não vão confiar em você.

E isso é um problema enorme quando você precisa alugar uma casa ou comprar um carro, atividades que podem ser – e provavelmente serão – necessárias nos primeiros dias, para muitos dos imigrantes.

 

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Alguns bancos sequer abrem contas para você. Por sorte, o Bank of America e o Wells Fargo entendem essa situação e são as melhores opções para quem está chegando. Eles podem abrir uma conta pra você, basta levar algum comprovante de endereço, pode ser do trabalho, seu dormitório, algo assim, e seu passaporte com o visto em dia.

OK, ainda assim, você precisa desenvolver seu crédito, certo? A primeira coisa é tirar seu Social Security Number (SSN), algo parecido com o nosso CPF. Para ter acesso legal a um cartão deste, você precisa estar trabalhando nos Estados Unidos, com visto de trabalho, e não ter nenhuma pendência com o Sistema de Imigração. Ah, é bom lembrar que esse cartão também é obrigatório em alguns estados para tirar a Drivers License, a Habilitação pra dirigir.

Basta ir a um Social Security Administration Office com um formulário preenchido e todos seus documentos. O cartão chega pra você em alguns dias.

Maravilha, SSN em mãos, hora de começar a construir seu crédito. A melhor coisa a fazer é conseguir um cartão de crédito. É, só que aqui entram alguns fatores importantes – e quase desconhecidos por recém chegados – que podem fazer você começar com pé esquerdo.

Por exemplo: não peça um cartão de crédito pelos meios convencionais.

Sabe por quê? Porque para conseguir um cartão assim, será feita uma pesquisa para descobrir sua pontuação de Crédito (Credit Score), e cada uma destas consultas ao seu crédito faz com que ele caia. Sim, só de verificar seu crédito, ele cai.

 

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Isso porque as instituições financeiras entendem que se você está buscando crédito, você está sem dinheiro. Faz sentido para cidadãos americanos, e a gente entra de gaiato.

E isso vale para outras atividades que parecem não ter nenhuma relação com o crédito em si, como tentar comprar um seguro pro carro (obrigatório em vários estados), ou adquirir uma linha de telefonia celular pós-paga.

Tá, e aí? Bom, aí que vamos ter que contar novamente com a ajuda de um dos dois bancos citados acima. Tanto o Bank of America quanto o Wells Fargo possuem cartões de crédito pré-pagos. E eles podem ser vinculados ao seu SSN. Assim, você pode depositar uma determinada quantia (estabelecida pelo banco) em seu cartão, e passar a usar.

Só que aqui tem outra pegadinha, meus amigos: nunca, jamais, em hipótese alguma utilize mais do que 50% do seu limite.

Ou seja, se você depositou US$ 500, use no máximo, explodindo, US$ 249. Sim, passe a entender que seu limite máximo é menos de 50% do que ele realmente é. Isso porque, se você usar mais do 50%, os bureaus de crédito entendem que você tá “quebrando“, logo, não vão te liberar mais crédito, e seu Credit Score cai. HÁÁÁÁÁÁ!

 

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Outra coisa muitíssimo importante: no Brasil, pagar o cartão de crédito depois da data de vencimento é algo até comum. Não deveria, mas é. Vejo muitos amigos reclamando que seu crédito caiu, e que determinada requisição financeira não foi aprovada pois existe uma marca negativa em seus registros, apontando que pelo menos um pagamento foi atrasado. Algumas financeiras até te dão 10 dias sem afetar nada de seu Credit Score, mas em geral agir assim é um verdadeiro veneno para seu cadastro.

Nunca atrase seus pagamentos. Do cartão de crédito então, nem pensar!!

Pois é, quase ninguém daqui te explica esses procedimentos, talvez porque pra eles isso seja algo trivial demais.

Uma dica é usar o site Credit Karma, um dos poucos sistemas gratuitos de monitoramento do crédito. Claro que eles vão ter acesso a todos seus dados, e cada um precisa se questionar se vale a pena. Eu uso, e foi por utilizar essa ferramenta que consegui entender esses pequenos obstáculos do crédito e passei de Very Poor (Muito Pobre) para Good (Bom) em 15 meses. Sim, demora, e é preciso que você seja muito disciplinado, mas vale a pena.

Outra dica, que serve mais pra quem tá com o Credit Score bem baixo, a ponto de não conseguir um cartão de crédito de jeito nenhum, é usar serviços como os do Self Lender. Mesmo sem ter crédito na praça, você faz uma espécie de “poupança/empréstimo” de US$ 1.100,00 – dinheiro esse que fica à salvo numa conta protegida pelo FDIC. Assim, você paga US$ 97 por mês, durante 12 meses e cada pagamento é reportado pela empresa às instituições que monitoram crédito, fazendo ele subir.

 
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No final destes 12 meses você pode sacar US$ 1.101,10. O segredo do serviço funcionar assim é porque o risco pra eles é muito baixo, uma vez que se você parar de pagar, eles simplesmente embolsam a grana protegida, então todo mundo sai ganhando.

Sobre os degraus do crédito, depois de Good ainda tem o Excellent, que é o objetivo final a ser alcançado. Ou seja, é um longo caminho a trilhar. Pense como um videogame e você está upando level do seu personagem. Que no caso é você. E não tem continue nem vida extra.

 

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Ter uma uma alta pontuação de crédito pode ser a salvação em momentos críticos, como comprar um carro novo, um imóvel ou até mesmo ter que pegar um financiamento para pagar um tratamento médico emergencial. E isso vale até para americanos!

Ah, lembrando de um fator bem crítico: mesmo com todos seus esforços, as agências podem chegar a errar a avaliação do crédito em 5% das vezes, o que dá mais de 10 milhões de pessoas.
 

 

Mas, dentro do possível e com bastante sorte, siga essas dicas e construa seu crédito para poder viver tranquilo e desfrutar das melhores coisas nos Estados Unidos. Espero que esse artigo seja útil para alguém. Ele teria me ajudado muito caso eu soubesse de tudo isso quando me mudei pra cá.

Forte abraço.

 


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