Existem muitas diferenças entre a prestação de serviço do Brasil e dos Estados Unidos. E…
Morando nos Estados Unidos: o futebol nunca esteve tão popular quanto hoje em dia. Mas ainda assim, difere muito do Brasil. Entenda…
Por Matheus Gonçalves
Dando sequência à nossa série “Morando nos Estados Unidos“, hoje vou falar sobre como o futebol se tornou paixão nacional na terra do Obama e dar uma pincelada nas principais diferenças entre como nós brasileiros enxergamos o esporte e como os americanos lidam com ele.
Pra ilustrar este texto, vamos tornar a coisa mais visual. Começando por essa foto das chamadas Três Marias, três quadras de futebol de salão numa famosa área de lazer do Parque CECAP, em Guarulhos, que foi onde eu cresci e aprendi a jogar futebol. Essa foto é de 2015, mas poderia ser de 1987, não mudou nada.
Não preciso dizer que essa imagem é bem comum em quase todos os bairros espalhados pelo Brasil afora, certo? Pois bem.
E agora, algumas imagens bem comuns nos EUA:
Notaram o padrão? Crianças uniformizadas, organizadas, em ligas infantis com supervisão dos pais, juízes e treinadores voluntários. Nada disso é ruim, é bom que fique claro logo de cara. Mas tudo isso é pago. E não é barato.
Praticamente não existe isso de crianças irem por si só para áreas comuns e públicas, com uma bola debaixo do braço e jogar. Para que seus filhos pratiquem futebol, as soccer moms, ou mamães do futebol, precisam despender muito tempo para transporte, levar a treinamentos, competições e toda sorte de eventos relacionados, além de gastar muito dinheiro com essas ligas, com quem que as organizam, taxa de participação, vestimenta, chuteira, caneleira e acessórios de segurança. Isso novamente não é ruim, mas é uma barreira. É um fator que limita.
Em raros casos, inclusive, existem crianças que sequer querem estar ali, mas ainda assim jogam pois se trata de uma atividade esportiva obrigatória. Isso não é bacana.
Um destaque que talvez seja a parte mais legal do futebol infantil nos EUA, meninos e meninas jogam JUNTOS, sem restrições por gênero (co-ed soccer). Ainda assim existem algumas outras diferenças primordiais entre o que acontece no Brasil. Por exemplo:
Deixa eu dar alguns exemplos de jogadores que começaram no futsal:
Demais né? E todos eles despontaram para o futebol profissional como ícones da habilidade dos brasileiros. Ficou evidente que essa naturalidade ao se jogar, esse desprendimento, essa possibilidade de jogar a hora que quiser, sem precisar gastar tubos de dinheiro, são trunfos na formação de atletas que ainda não existem na cultura americana do futebol.
Sabe onde isso existe nos Estados Unidos? Em quadras comunitárias de basquete. E o resultado disso?
E todos eles despontaram para o basquete profissional como ícones da habilidade dos americanos.
Não me entenda mal, o futebol está cada vez mais popular nos Estados Unidos e isso é sensacional. Detalhe, ao contrário do que muitos acreditam, não somente entre latinos. Essa é uma nova paixão mesmo entre americanos brancos, negros, asiáticos e de outras etnias. Veja essas imagens, por exemplo, da torcida do Seattle Sounders:
Economicamente falando, eles já são uma potência. Aliás, pretendo falar do futebol profissional dos EUA num post futuro, que será mais focado em explicar a estrutura da Major League Soccer (MLS).
De qualquer forma, só morando nos Estados Unidos que fui capaz de perceber que os Americanos adoram futebol. De verdade. Mas a conclusão que chegamos aqui é que, quanto maior o número de crianças jogando por vontade própria, sem limitadores econômicos nem sociais, maiores as chances de se desenvolver futuros atletas promissores.
Mais do que jogar futebol, as crianças americanas precisam começar a SENTIR futebol. Não só pensar. Sentir.
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